Aliado de Eduardo Bolsonaro e comentarista político: quem é Paulo Figueiredo, citado pelos EUA na sanção a Moraes
30/07/2025
(Foto: Reprodução) Governo Trump sanciona Alexandre de Moraes
O jornalista Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo, foi citado nominalmente na ordem executiva assinada por Donald Trump que impôs sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sobretaxou produtos brasileiros.
O documento, publicado nesta quarta-feira (30) pela Casa Branca, acusa Moraes de violar direitos humanos de cidadãos americanos — incluindo o próprio Figueiredo.
Radicado nos Estados Unidos, Paulo Figueiredo atua como influenciador político e tem feito lobby junto ao governo Trump, ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para pressionar por sanções contra Moraes e outras autoridades brasileiras.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo em entrevista ao podcast Inteligência Ltda
Reprodução/YouTube
Ele foi um dos principais defensores do chamado “tarifaço” de Trump — uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA.
“Achamos ótimo. O Brasil merece a tarifa Moraes”, declarou Figueiredo na semana passada, referindo-se ao ministro relator do inquérito contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Na ordem executiva que embasa as sanções, Trump afirma que Moraes emitiu “centenas de ordens para censurar secretamente seus críticos políticos”, e que o ministro “tem apoiado investigações criminais contra cidadãos dos EUA depois que eles expuseram suas graves violações de direitos humanos e corrupção”. O texto cita especificamente que Moraes supervisiona um processo contra Paulo Figueiredo, inclusive por discursos feitos em território americano.
Atuação e formação
Antes de se tornar influenciador e lobista político nos EUA, Figueiredo atuou como comentarista de TV. Com forte discurso contra o STF e apoio declarado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ganhou projeção nas redes sociais. Em 2022, foi alvo de decisões judiciais do Supremo que determinaram o bloqueio de suas redes sociais no Brasil, o congelamento de bens e o cancelamento do passaporte.
Formado em economia, ele tem especializações em instituições como Harvard, London School of Economics e MIT. Atualmente, apresenta um canal no YouTube e escreve para o site conservador norte-americano “The Epoch Times”. Seu curso online “O Fim da América e do Mundo Como Conhecemos” tem milhares de alunos.
Figueiredo também participou de audiências no Congresso dos EUA, nas quais acusou Moraes de comandar uma “ditadura brasileira” e pediu sanções contra o ministro com base na Lei Magnitsky, que permite punir autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos.
Escalada diplomática
A citação de Figueiredo por Trump, somada à sanção a Moraes e à sobretaxa comercial, marca um novo capítulo nas tensões diplomáticas entre Brasil e EUA.
A ordem executiva afirma que o governo brasileiro representa uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional americana. A medida declara nova emergência nacional com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977.
Na avaliação de integrantes do Itamaraty, trata-se de uma retaliação política e uma cobrança de impunidade total para Bolsonaro. A medida foi vista como um gesto de apoio direto do governo Trump ao ex-presidente brasileiro e seus aliados.
Enquanto o governo Lula cobra respostas diplomáticas e critica a medida, figuras da direita brasileira demonstram preocupação com o desgaste político. Integrantes do PL defendem que Eduardo Bolsonaro se afaste publicamente do tarifaço para evitar prejuízos à imagem da direita nas eleições de 2026. Figueiredo, por sua vez, permanece como uma das vozes mais firmes em defesa das medidas de Trump.