Ações da Embraer disparam 10% com entrada da aviação entre as exceções do tarifaço de Trump
30/07/2025
(Foto: Reprodução) Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
As ações da Embraer disparam mais de 10% com a entrada do setor aeronáutico entre as exceções à tarifa extra de 40% sobre produtos brasileiros anunciada por Donald Trump, que totalizam os 50% e oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês.
Apesar de confirmar a tarifa, o governo americano decidiu deixar uma série de itens sem cobrança. A lista de mais de 700 produtos que não serão sobretaxados foi divulgada juntamente com o decreto oficial. (confira na lista abaixo)
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Os investidores se animaram com a notícia pois as tarifas poderiam elevar de forma significativas os preços das aeronaves. Segundo estimativas da própria Embraer, a empresa teria um custo adicional de R$ 50 milhões por avião. O impacto previsto era de cerca de R$ 20 bilhões até 2030.
Em coletiva de imprensa neste mês, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que os impactos do tarifaço seriam tão severos quanto os vivenciados durante a pandemia de Covid-19.
À época, com as restrições e a proibição de viagens, a Embraer teve uma queda de 30% na receita e precisou reduzir aproximadamente 20% de sua força de trabalho.
“Avião não é commodity. Não conseguimos remanejar porque [tem aviões que] a gente só vende para o mercado americano. O nosso maior mercado é para os EUA, não tem como reposicionar isso para outros mercados”, disse Gomes Neto.
Diferentemente de outros setores, os contratos de venda de aeronaves normalmente estabelecem que as companhias aéreas arquem com as tarifas de importação exigidas pelo país de destino. A Embraer, portanto, não conseguiria absorver esse encargo extra.
“O mercado de aviação não é extremamente rentável e as empresas têm uma margem financeira apertada para arcar com esse aumento do custo”, explica Alberto Valerio, analista do UBS BB.
Como esse cenário não se confirmou, não há motivo para que empresas cancelem pedidos já feitos ou posterguem entregas, além de preservar a competitividade da empresa.
Em nota, a Embraer diz que a decisão do governo dos EUA confirma o impacto positivo e a importância estratégica das atividades da Embraer para as economias brasileira e norte-americana.
“Continuamos acreditando e defendendo firmemente o retorno à regra de tarifa zero para a indústria aeroespacial global. Mais importante ainda, apoiamos o diálogo contínuo entre os governos brasileiro e norte-americano e permanecemos confiantes em um resultado positivo para os dois países”, diz a empresa.
Quem mais ficou de fora
De acordo com o texto, também permanecem fora da tarifa adicional produtos como suco de laranja, combustíveis, veículos e determinados tipos de metais e madeira.
As exceções constam no anexo da ordem executiva e passam a valer a partir da data de entrada em vigor da medida.
A nova tarifa deve impactar de forma significativa as exportações brasileiras. No entanto, a lista de exceções pode representar um alívio para setores como o aeronáutico, o energético e o agrícola.
✈️ Artigos de aeronaves civis: Estão isentos todas as aeronaves civis (não militares), seus motores, peças, subconjuntos e simuladores de voo. A lista inclui desde tubos e mangueiras até sistemas elétricos, pneus e estruturas metálicas.
🚗 Veículos e peças específicas: A tarifa não se aplica a veículos de passageiros, como sedans, SUVs, minivans e vans de carga, além de caminhões leves e suas respectivas peças e componentes.
🏗️ Produtos de ferro, aço, alumínio e cobre: Produtos específicos e derivados desses metais, incluindo itens semiacabados e componentes industriais, também estão fora da nova alíquota.
🌾 Fertilizantes: Fertilizantes amplamente utilizados na agricultura brasileira estão isentos da tarifa adicional.
🌰 Produtos agrícolas e de madeira: A lista inclui castanha-do-brasil, suco e polpa de laranja, mica bruta, madeira tropical serrada ou lascada, polpa de madeira e fios de sisal ou de outras fibras do gênero Agave.
⚙️ Metais e minerais específicos: Estão isentos produtos como silício, ferro-gusa, alumina, estanho (em diversas formas), metais preciosos como ouro e prata, ferroníquel, ferronióbio e produtos ferrosos obtidos por redução direta de minério de ferro.
🔋 Energia e produtos energéticos: A tarifa não se aplica a diversos tipos de carvão, gás natural, petróleo e derivados, como querosene, óleos lubrificantes, parafina, coque de petróleo, betume, misturas betuminosas e até energia elétrica.
🔧 Bens retornados aos EUA: Artigos que foram exportados para reparo, modificação ou processamento e que retornam aos Estados Unidos sob certas condições também estão isentos, com exceções específicas para o valor agregado.
🚢 Bens em trânsito: Produtos que já estavam em trânsito antes da entrada em vigor da ordem — desde que cheguem aos EUA até 5 de outubro — não serão afetados pela nova tarifa.
🧳 Produtos de uso pessoal: Itens incluídos na bagagem acompanhada de passageiros que chegam aos Estados Unidos estão isentos da alíquota adicional.
🆘 Donativos e materiais informativos: Doações de alimentos, roupas e medicamentos destinados a aliviar o sofrimento humano estão isentas, salvo se o presidente considerar que representam risco à segurança nacional. Também estão livres da tarifa materiais informativos como livros, filmes, CDs, pôsteres, obras de arte e conteúdos jornalísticos.
Sobre as taxas
A decisão de aplicar a tarifa foi tomada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida.
Segundo o governo dos EUA, o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa americana. Por isso, decidiu elevar em 40 pontos percentuais a tarifa já existente, que agora totaliza 50%.
A ordem executiva também traz duras críticas ao governo brasileiro. De acordo com o texto, o Brasil estaria promovendo perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de adotar práticas que violam direitos humanos e enfraquecem a democracia.
O documento menciona nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de emitir ordens sigilosas para obrigar empresas americanas a censurar discursos políticos, fornecer dados de usuários e alterar suas políticas internas sob ameaça de sanções.
Um dos casos citados é o de Paulo Figueiredo, residente nos EUA, que estaria sendo processado criminalmente no Brasil por declarações feitas em território americano.
Além da tarifa, o presidente Trump determinou, em 18 de julho, o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares.
Unidade da Embraer em Gavião Peixoto, SP
Divulgação